Só o amor transforma vidas
Só o amor transforma vidas
Há dois anos o nosso mundo, tal como o entendíamos, parecia ter desaparecido.
Parecia… sublinho.
Passou uma primeira vaga e pensámos que poderíamos olhar o sol novamente. Veio outra e mais um solavanco e um por aí fora de altos e baixos até termos quase pensado que nunca mais nada seria como dantes. A certa altura as coisas começam a recompor-se, vem uma vacina dividida em dois e voltamos a apontar em direção à esperança. Pelo meio muitas vítimas. Muitas vidas marcadas por uma pandemia que deixa tatuagens na pele e na alma.
Atravessávamos um período de uma enorme «solidariedade na dor, de um grande empenho no reinventar a proximidade e o cuidado com os mais frágeis». E isso – o que vivemos – não podemos perder agora. Não justamente agora quando uma nova investida – a da guerra – nos vem mostrar que a vulnerabilidade nos chega de tantas formas e feitios.
Hoje, na Cáritas damos início a uma semana particularmente bonita. É a semana do ano em que para celebramos o Amor ao outro, celebramos a nossa história, a nossa missão e esta celebração só faz sentido quando é colocada em comum com aqueles a quem servimos e com aqueles que connosco constroem este caminho. Por isso fazemos festa. Sim, bem sei que estamos mergulhados de dor e sofrimento e por isso mesmo faz mais sentido celebrar o amor. Não é uma festa pela festa. É um alerta para que nunca ninguém fique indiferente àquele que sofre.
Estamos preocupados sim. São muitas as dificuldades que vêm pela frente. Para os que chegam hoje, vindos de um horror que ninguém espera viver. Para os que acolhem de coração aberto, mas também frágeis. Cada um tem consigo, passados estes meses, um saber único: a experiência pessoal.
Só o amor tem essa força, esse dinamismo que é capaz de transformar o mundo em que vivemos numa terra de paz, num mundo de irmãos. Transforma os corações e transforma a realidade em que vivemos.
Este ano, na Semana Nacional Cáritas, voltamos a sair à rua partilhando esta experiência vivida e apelando ao contributo de todos para que a nossa ação se estenda a todos os que dela necessitam. O Papa Francisco, na encíclica Fratelli Tutti, diz-nos que, se formos amáveis, seremos capazes de: «prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença.”
O meu desejo para estes dias que se seguem é realmente de que sejamos capazes de fazer “o exercício da amabilidade”, em cada olhar, em cada escuta, e em cada ação” .
Queremos acreditar que, JUNTOS, com toda a mobilização solidária, e esta alma portuguesa, seremos capazes de encontrar um caminho para cada desafio e uma solução para cada problema. A missão da Cáritas – o amor que transforma – é animar a nossa solidariedade com a delicadeza da amabilidade, para podermos viver efetivamente a nossa vida com todos, numa só família humana, nesta nossa “Casa Comum”.
Bom domingo!
Pode apoiar a ação da rede nacional Cáritas em www.caritas,pt/snc