A Europa deve continuar a apoiar a Ucrânia!
Assinalando o segundo ano da Guerra na Ucrânia, a Caritas Europa apela aos Estados-membro da União Europeia que planeiem soluções de longo-prazo para financiamento humanitário e proteção de refugiados.
No dia a segue à invasão russa da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2024, a confederação Caritas mobilizou-se para prestar apoio imediato às duas organizações católicas locais – Caritas Ucrânia e Caritas SPES Ucrânia – que operam em cerca de 100 centros de apoio pelo país inteiro. Desde então. As duas caridades já ajudaram 3.8 milhões de pessoas, e a Caritas é agora o maior fornecedor a nível nacional de apoio humanitário e serviços sociais.
Contudo, o apoio da Caritas vai para além da fronteira da Ucrânia e foca-se também nas necessidades de milhões de refugiados ucranianos que se encontram a viver na Europa. A Caritas Europa tem um papel de apoio na resposta humanitária regional nos países vizinhos da Ucrânia (Bulgária, República Checa, Hungria, Moldávia, Polónia, Roménia, Eslováquia, etc.). À medida que a maioria dos governos europeus, bem como a Comissão Europeia, diminuem o financiamento humanitário para projetos na Ucrânia, nós alertamos para as consequências relativamente à disponibilidade de assistência para pessoas a fugir da guerra.
Em situação preocupante, as organizações Caritas nacionais nos países vizinhos relatam uma crescente fadiga de solidariedade e desafios na implementação da Diretiva Europeia de Proteção Temporária (DPT), que de modo rápido garante residência e direitos de empregabilidade a milhões de refugiados. No entanto, cada vez mais refugiados sentem dificuldade para receber o apoio adequado e enfrentam exclusão dos programas estatais, incluindo aqueles refugiados em situação vulnerável. Assim sendo, a Caritas Europa apela aos governos europeus para não diminuírem o seu apoio aos refugiados ucranianos, e para garantirem a implementação apropriada da Diretiva de Proteção Temporária.
Adicionalmente, com o encerramento da diretiva estimado para março de 2025, apelamos à União Europeia para proactivamente se planear para a transição. Devem ser consideradas diferentes opiniões, assim como um alargamento da DPT, tal como mudar para o sistema de asilo ou garantir outras formas de proteção temporária.
“A história da Europa mudou irreversivelmente há dois anos, com a invasão em grande-escala da Ucrânia pela Rússia. A Caritas presta apoio aqueles que sobreviveram e às suas famílias, e àqueles que querem reconstruir as suas vidas, lares e comunidades. Vamos continuar em solidariedade e a prestar o nosso apoio incondicional enquanto necessário, e rezar pelo dia em que as pessoas da Ucrânia possam novamente viver em paz.” Maria Nyman, Secretária-Geral da Caritas Europa
As condições de vida na Ucrânia são ainda extremamente difíceis, com mais de 14 milhões de cidadãos em necessidade de apoio humanitário. Em particular, a Caritas SPES expressa preocupação com a contaminação de muitas fontes de água, solo e ecossistemas. Para além disso, quase 3.3 milhões de pessoas em necessidade de apoio vivem em comunidades na linha da frente no este e no sul. Nestas regiões da Ucrânia, incluindo nos territórios sobre controlo temporário da Federação Russa, milhões têm dificuldades a ter um acesso adequado a água, comida, saúde, alojamento, proteção e outros serviços essenciais.
“A Guerra pode durar uma década. Precisamos de estar preparados para prestas assistência de longo-prazo de modo a responder à crise humanitária significativa que se desenvolve na Ucrânia, que no final de contas afeta a comunidade global” Pe. Vyacheslav Grynevych SAC, Diretor Executivo da Caritas-Spes Ukraine.
De acordo com a Caritas Ucrânia, a guerra levou a uma crise de proteção sem precedentes. Graves violações contra civis deixaram milhões de pessoas expostas a um trauma acrescido e a problemas de saúde mental, e impactaram ainda o bem-estar e educação das crianças. A guerra teve também um impacto devastador na economia ucraniana, forçando as pessoas a enfrentar níveis acrescidos de pobreza e dependência de assistência. As necessidades são elevadas entre as quase quatro milhões de pessoas que se encontram deslocadas internamente pela Ucrânia, em particular para as 111.5000 pessoas que estão de momento a viver em centros.
“Estamos de momento a fazer todo o possível para prestar assistência às pessoas que precisam, mas até que as hostilidades acabem e os territórios ocupados sejam liberados, não podemos falar de uma verdadeira recuperação. A Caritas Ucrânia presta apoio às pessoas nas suas situações atuais, onde elas sobrevivem, e considera vários cenários do desenvolvimento da situação numa abordagem compreensiva para cada indivíduo.” Tetiana Stawnychy, Presidente da Caritas Ucrânia
As duas organizações Caritas na Ucrânia estão ainda a preparar um plano de longo-prazo com base na resposta humanitária, mas também na reconstrução. O apoio essencial prestado pelos trabalhadores e voluntários, que consiste em artigos alimentares e não-alimentares, abrigo, assistência monetária, saúde e serviços de apoio psicossociais, bem como programas de educação, fazem uma diferença significativa nas vidas das pessoas e comunidades, e merece apoio contínuo.