Mensagem do Presidente da Cáritas Portuguesa por ocasião da morte de Manuela Silva
Manuela Silva foi uma eminente economista, professora catedrática, no nosso país. Como cidadã, desde a sua juventude, sempre se empenhou nas causas sociais e toda a sua vida foi marcada pela preocupação de procurar maior justiça e maior fraternidade para o mundo e de uma forma muito especial para Portugal. Exerceu alguns cargos, tendo sido Secretária de Estado e fê-lo sempre com o espírito de cidadania, mas, também, como uma cristã convicta, assumida!
Em termos sociais Manuela Silva, com Alfredo Bruto da Costa, foi a mentora do primeiro estudo, devidamente organizado e sustentado, da pobreza em Portugal. Quis que fosse, nesse tempo, a Cáritas a editar esse estudo que ainda hoje é procurado por muitos estudantes universitários.
Como presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), e quando não era presidente várias vezes pertenceu à comissão nacional, é responsável por muitos textos que a Igreja assumiu através da CNJP.
A última parte da sua vida foi dedicada com um furor tal, na senda do Papa Francisco, à defesa da Casa Comum, criando uma rede constituída por várias instituições com o objetivo de difundir as recomendações da Laudato Si’.
A nós que somos seus amigos o que nos compraz é saber que ela partiu com o coração inundado de esperança. Ela estava a viver estes tempos da Igreja sob o Pontificado do Papa Francisco com uma intensidade muito forte, muito animada por este tempo de renovação que está a procurar-se implementar segundo a orientação do Papa Francisco.
Manuela Silva, foi uma mulher exemplo para todos nós e uma referência para a Igreja em Portugal. Manuela Silva foi o ícone daquilo que deveria ser a dimensão social da Igreja em Portugal.
Estimava muito a Cáritas, acompanhava os trabalhos que fazíamos e era de uma frontalidade tal que nos dizia: “estou satisfeitíssima com isto ou aquilo”; mas também não se coibia de verbalizar o seu desagrado quando não gostava de ver a Cáritas por este ou por aquele trilho.
Nós iremos todos sentir a sua falta, mas ficamos com o legado de prosseguir os seus ideais e dar continuidade ao seu trabalho.
Eugénio Fonseca, Cáritas Portuguesa