Cardeais fazem alerta ao G8
Onze Cardeais de África, América Latina, EUA e Europa deixaram hoje um apelo ao G8 para que respeitem as suas promessas no que diz respeito às ajudas para os países em vias de desenvolvimento.
Em périplo pela Europa, até 5 de Maio, este grupo de Cardeais apresentou uma declaração em Berlim, manifestando “desilusão” pelo atraso dos países mais ricos em cumprir as promessas de ajuda ao desenvolvimento. Um mês antes da cimeira do G8, pedem-se garantias, com calendários “fiáveis” de financiamento a meio termo, de que “os objectivos de utilizar 0,51% do PIB até 2010 e 0,7% do PIB até 2015 para a cooperação em matéria de desenvolvimento sejam efectivamente atingidos”.
Os Cardeais serão recebidos por Bento XVI no próximo dia 4 de Maio. Estes encontros fazem parte da campanha “Make aid work“, promovida pela CIDSE (Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade) e a Caritas Internationalis, redes europeias de ajuda ao desenvolvimento e combate à pobreza e à injustiça social.
Este movimento das organizações católicas para o desenvolvimento tem como principal objectivo sensibilizar a opinião pública para que se manifeste a favor do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, assinados em 2000, na Cimeira do Milénio. A altura escolhida por estas organizações coincide com a realização da cimeira do G8 em Heiligendamm, Alemanha, de 6 a 8 de Junho.
Recentemente, a Santa Sé divulgou a carta que Bento XVI escreveu à Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, por ocasião da presidência alemã da UE e da próxima cimeira do G8. Nela, o Papa considera que a eliminação da pobreza constitui “uma das tarefas mais importantes do nosso tempo”.
A missiva pede “condições comerciais favoráveis” para os países pobres, incluindo “um acesso amplo e sem reservas ao mercado”, bem como o perdão “completo e incondicional” da dívida externa. Esta medida, acrescentava o Papa, deve ser acompanhada de outras que assegurem que os países pobres não acabem, novamente, “em situações de dívida insustentável”.
Para Bento XVI, é fundamental que não se perca de vista o problema da pobreza e se coloque o continente africano “no centro das negociações políticas internacionais”. Neste contexto, tanto a UE como o G8 devem “desempenhar um papel chave”.
“Pessoas de diferentes religiões e culturas de todo o mundo estão convencidas de que o objectivo de eliminar a pobreza até 2015 é um dos mais importantes do nosso tempo”, referiu o Papa.
Permitir que os países mais pobres se desenvolvam de uma foram cada vez mais interligada com os países ricos, no processo da globalização, é para Bento XVI “um dever moral, grave e incondicional, baseado sobre a pertença comum à família humana”.