Mensagem da Comissão Nacional Justiça e Paz ao Conselho Geral da Cáritas Portuguesa
Felicito a Cáritas Portuguesa pela actividade invulgar que vem desenvolvendo, em todas as dioceses, a favor da erradicação da pobreza, procurando actuar nas respectivas causas.
A CNJP vive as mesmas preocupações e procura também cumprir a sua missão, tendo por base a justiça e a paz. As duas instituições actuam à luz da doutrina social da Igreja, e cooperam com inúmeras outras entidades na construção de um mundo fraterno que saiba «prefigurar» a bem-aventurança eterna.
A crise actual, interna e internacional, com raízes muito antigas e profundas, convida-nos a intensificarmos a nossa cooperação, os nossos objectivos e as nossas práticas. Ponderando as missões da Cáritas e da CNJP, parece-nos que duas linhas de acção justificam a mais alta prioridade no nosso trabalho conjunto.
A primeira respeita à criação e desenvolvimento de grupos de acção social em todas as paróquias do país. Tais grupos permitirão um contacto mais directo com os diferentes casos/problemas sociais, a sinalização imediata dos que vão aparecendo e a promoção das ajudas que se tornem necessárias. Verificamos, com todo o apreço, que a Cáritas lançou nos últimos tempos o Núcleo de Observação Social, que proporciona o tratamento da informação proveniente da acção dos grupos paroquiais e dos serviços de atendimento. Com base nesta informação – que poderá ser, no futuro, uma fonte de informação indispensável sobre a pobreza e a exclusão social – a Cáritas presta à sociedade portuguesa um serviço da mais alta relevância; tanto mais alta quanto mais significativo for o número de paróquias nele participantes.
A segunda linha de acção prioritária é a intervenção junto de centros de decisão política, ou de outra natureza, com especiais responsabilidades na solução dos problemas sociais; esta intervenção faz parte das missões da Cáritas e da CNJP. Por isso, louvamos a remessa de propostas, pela Cáritas Portuguesa, ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, para a solução de determinados problemas sociais e económicos. As vossas propostas têm o mérito, pouco habitual, de serem muito precisas, corresponderem a problemas concretos e não implicarem um aumento significativo da despesa pública. Pena é que, segundo parece, não tenham sido atendidas até agora. Mas, por isso mesmo, justifica-se prosseguir e intensificar o esforço, particularmente nesta fase de agravamento de problemas e de acrescida sensibilidade política.
Além destas duas linhas de acção, várias outras justificam o nosso empenho comum. Realço a difusão, concretização e aplicação da doutrina social da Igreja e o diálogo social, no interior da mesma Igreja. São temas que poderão vir a ser objecto de nossas refexões conjuntas. Neste momento, concentramo-nos no vosso Conselho Geral, fazendo votos de que, nele, se aprofundem e actualizem os vossos compromissos. Desse modo, a Cáritas continuará, seguramente, a prestar um serviço único e inestimável à Igreja e à sociedade, sobretudo às pessoas em situação de pobreza e exclusão social.
Acácio F. Catarino
em representação da CNJP
09.04.11