Cáritas pede esperança para os jovens
A Cáritas Portuguesa apresentou, hoje, em Lisboa, o relatório Os jovens na Europa precisam de um futuro! . Neste relatório, que integra um trabalho europeu coordenado pela Cáritas Europa em 16 países, são apresentadas recomendações que a Cáritas entende serem necessárias assumir pelos responsáveis políticos para que se quebre o ciclo de pobreza que está a condicionar o futuro dos jovens em Portugal e na Europa.
Salários baixos e condições de trabalho precárias; a educação desadequada ou de pouca qualidade são os dois fatores determinantes apontados pela Cáritas como condicionantes na vida dos jovens portugueses. A Cáritas aponta ainda a banalização das situações de contratos irregulares e a falta de coordenação entre os serviços públicos de emprego, as escolas e as universidades quanto à formação, oportunidades de emprego, orientação profissional e vocacional.
“Deixei a escola aos 16 anos e comecei a trabalhar num café, a atender ao balcão, depois desse também trabalhei sempre dentro desses ramos porque como não acabei a escolaridade sou posta à parte por causa disso. Estou limitada a estes ramos porque as outras pedem mais escolaridade! Faz-me muita falta a escola e se eu pudesse voltar a traz não tinha feito as coisas da mesma forma…” Testemunho de Cátia Santos
A Cáritas Portuguesa recomenda:
- Promover níveis salariais dignos, incluindo as medidas para a criação de emprego e alargar a proteção social em caso de desemprego;
- Prevenir a precaridade laboral, as irregularidades e a evasão fiscal nos contratos de trabalho por meio do controlo do abuso do estatuto de trabalhador independente pelos empregadores (designados de “recibos verdes”);
- Conceder oportunidades iguais no acesso à educação e assegurar condições que ajudem os estudantes a prosseguir os estudos, nomeadamente para jovens de agregados em risco de pobreza e exclusão social;
- Facilitar a habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com os seus rendimentos e proporcionar-lhes a oportunidade de iniciar uma vida independente;
- Desenvolver uma estratégia nacional para promover a participação cívica dos jovens.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa destaca: “é urgente que se olhe para os jovens a partir daquilo que eles representam hoje para a sociedade portuguesa e lembra que este relatório não é mais do que a auscultação da realidade que foi feita, em Portugal, pelas Cáritas diocesanas e por outras instituições que a nós que se associaram, ou seja, é preciso que todos, governantes e responsáveis políticos estejam atentos aquilo que é a vida de todos os dias dos portugueses.”
Esta é uma situação que se repete ao nível europeu, reforça Jorge Nuño Mayer, secretário-geral da Cáritas Europa que trouxe até Lisboa o contexto europeu deste relatório e lembrou o imperativo de “todos, governantes, intervenientes políticos, organizações da sociedade civil e a Igreja, se juntarem para escutar os jovens, olharem a sua realidade e promover mudanças”.