NUTRIR COM ESPERANÇA
A situação humanitária que se vive na Venezuela tem colocado a Cáritas na linha da frente da resposta a situações que comprometem diariamente a dignidade humana. A inflação galopante na Venezuela colocou a economia em queda livre dizimando o poder de compra e o emprego. A migração está a caminho de superar a crise dos refugiados sírios. De acordo com a Organização Mundial das Migrações (OIM), desde 2016, 2.300.000 venezuelanos migraram devido a esta crise económica e social que não tem precedentes. Desde 2002, cerca de 6 milhões de pessoas deixaram o país.
Os números oficiais divulgadas pelo Estado mostram que entre 2015 e 2016, 11.400 crianças morreram antes do primeiro ano de vida (aumento de 33%) e mais 65% mulheres perderam a vida durante a gravidez ou no parto. Houve um aumento dos casos de malária reportados, e reapareceram doenças tropicais já erradicadas.
A falta de produção nacional de alimentos e medicamentos, a queda do comércio de petróleo e o controlo absoluto por parte do Estado, contribuíram para a escassez de medicamentos, estimada em 90% do esquema básico da OMS e para a escassez em 40% dos alimentos do cabaz básico.
O projeto “Nutrir com Esperança” integrou a “Operação 10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, no ano de 2018. Uma iniciativa que a Cáritas desenvolve anualmente com o objetivo de promover os valores cristãos do Natal. Para além das diferentes atividades, durante os meses de novembro, dezembro e inicio de janeiro, todos os que quiserem juntar-se à Cáritas, participando na sua missão de estar ao lado dos mais frágeis, poderão adquirir uma vela, pelo valor de 1€, nas Cáritas diocesanas, escolas e paróquias aderentes e nas lojas Pingo Doce, que continua a ser parceiro desta ação. Do total de verbas recolhidas 65% destina-se a apoiar a ação de Cáritas diocesana no seu trabalho de apoio às pessoas necessitadas. Os outros 35% são canalizados para um projeto internacional, este ano Nutrir com Esperança, para o apoio à Cáritas da Venezuela.
NUTRIR COM ESPERANÇA
Garantir o acesso à saúde e apoio nutricional aos grupos mais vulneráveis da população venezuelana.
Crianças e mulheres grávidas ou lactantes são atendidas para avaliar o seu estado nutricional.
Crianças menores de 5 anos com desnutrição aguda moderada ou severa são admitidas no programa nutricional.
Comunitárias e Cáritas paroquiais
Consultas de monitorização e registo de evolução de 800 crianças e 100 mulheres grávidas
Desenvolvimento de programas de nutrição para 200 crianças, menores de 5 anos, em desnutrição moderada ou severa
Realização de 150 encontros de capacitação para reforçar as capacidades comunitárias e das Cáritas paroquiais em questões de saúde e nutrição
Yusmarely vive com seus três filhos na Venezuela. A inflação galopante dizimou o poder de compra venezuelano e Yusmarely luta diariamente para conseguir para alimentar bem a sua família.
Cada dia os preços estão mais altos. O que ela paga por uma dúzia de ovos hoje pode custar o dobro daqui a alguns dias.
Como a maioria das mães em toda a Venezuela, Yusmarely é obrigada a fazer malabarismos com as refeições, decidindo estrategicamente quando alimentar os seus filhos para que eles não passem fome.
A cintura de toda a família encolheu e Yusmarely está preocupada com a saúde dos filhos. Grendimar, com 6 anos, ficou tão magra que chorava e dormia o dia todo. “Ela era tão magra nem se via na cama”, diz Yusmarely. “Quando eu lhe dava banho toda ela era ossos.”
A dor que uma mãe sente quando faz tudo o que pode para por comida na mesa dos filhos e ela está vazia. Eu não tinha nada para lhes dar. Partiu-se-me o coração ter que deitá-los na cama com apenas um copo de água. O que a Cáritas fez foi incrível. Eles ajudaram a tirar tantas crianças da subnutrição. Eu sinto-me muito feliz quando vejo a minha filha com a energia que ela tem novamente. Todos os dias ela está a recuperar o seu peso!
Yusmarely Acuña