Descrição
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Autor: Francisco Piedade Vaz
Editora: Editorial Cáritas
Publicado em: 2016
Preço: € 15,00
PREFÁCIO
Fica bem claro, nesta dissertação que o «compromisso pela paz», de João Paulo II, assumiu a herança dos seus predecessores e acrescentou-lhe a sua marca pessoal indelével. Para isso contribuíu decisivamente a robustez do seu pensamento e a intervenção permanente contra vários tipos de opressão, durante a «guerra fria» e depois dela. Em todo o seu percurso sociorreligioso, foram determinantes os riscos de vária ordem a que se expôs.
Antes do seu pontificado, e como está bem documentado neste livro, já estava claramente assumido, na Igreja e fora dela, que: a paz não se reduz à ausência de guerra; a justiça e o desenvolvimento são os novos nomes da paz; e o diálogo incondicional é indispensável para que ela se construa em rocha firme. No seguimento destas e de outras linhas de rumo, João Paulo II acentua que: a solidariedade também é o novo nome da paz; esta implica a transformação dos sistemas económico-sociais a favor da dignidade de cada pessoa e do bem comum, sem exclusões; e as relações de proximidade, começando pelas familiares, são indissociáveis das macrorrelações mais poderosas. Relativamente à solidariedade, João Paulo II, considera estruturantes a corresponsabilidade e a interdependência de todas as pessoas, movimentos e estruturas. Relativamente à transformação dos sistemas económico-sociais, convida ao desbravamento de caminhos que neutralizem o que há de negativo e desenvolvam o que há de positivo no capitalismo liberal e no coletivismo marxista. Quanto às relações de proximidade e macrorrelações defende que a ação pessoal e a estrutural são constitutivas da responsabilidade sociopolítica; nesta ordem de ideias, reconhece uma estreita ligação entre o pecado pessoal e o estrutural.
O sistema económico foi uma preocupação constante do seu pontificado. O Mestre Francisco Piedade Vaz (FPV), com toda a pertinência, não receia incluir na sua tese, a afirmação de que «o trabalho humano é a chave, provavelmente a chave essencial, de toda a questão social (…)» (encíclica Laborem Exercens, 1981, nº. 3). Na mesma encíclica, o Papa quase se atreve a propor um sistema económico diferente, designado por planificação global que salvaguarde «a iniciativa das pessoas (…)» e a «solicitude» também «global» (nº. 18). Em rigor, o Papa não defende um determinado sistema económico, mas sim um quadro orientador mais profundo, humano e viável; também não afirma que um sistema económico diferente assegura automaticamente um clima de paz, mas sim que é uma condição indispensável. O que defende como inalienável, e FPV acentua, é que a paz implica a «vinculação ética» à «ordem ontológica» e à «ordem teológica», isto é respeito de todo o universo e de cada pessoa na sua dignidade, liberdade, desenvolvimento e corresponsabilidade (cf. a encíclica Sollicitudo Rei Socialis). Por esta via, a questão da paz entra na esfera da ecologia humana e na humanização de toda a ecologia (cf. encíclica Centesimus Annus).
O trajeto pessoal de FPV credencia-o especialmente para o aprofundamento e promoção da paz, no sentido mais amplo e exigente do termo: enquanto comandante na Marinha conhece os meandros da dialética da guerra, incluindo os esforços para ser evitada e ser limitada a sua gravidade; enquanto mestre em teologia, conhece o apelo ontológico e teológico à invencibilidade da paz; e, enquanto membro da direção da Cáritas Portuguesa, confronta-se diariamente com situações graves de pobreza e exclusão que ameaçam requisitos fundamentais da paz. Perante elas a Cáritas, a partir da paróquia, diligencia cooperar na solução de cada caso social, à maneira do bom samaritano, na erradicação da pobreza, tendo como ideal as primeiras comunidades cristãs, e na promoção do desenvolvimento, à luz das orientações eclesiais que se intensificaram a partir da referida encíclica Populorum Progressio, reforçada e atualizada por João Paulo II. Faço votos de que, assim munido, FPV possa levar até às últimas consequências os seus compromissos de cidadão, de teólogo e de cristão inserido nas realidades terrenas. Ou, inspirado em João Paulo II, participe ativamente, com ou sem formalização, no grande movimento empenhado na defesa da pessoa humana (Centesimus Annus, nº. 3).
Acácio F. Catarino
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