Descrição
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Autor: Diogo Madureira
Editora: Editorial Cáritas
Publicado em: 2014
Preço: € 17,00
Prof. Doutor Miguel Morgado
Até há um certo tempo confiava-se que, no conjunto de temas e assuntos que apoquentam a consciência comum dos Europeus, poderíamos excluir o famoso problema “teológico-político”. Essa confiança era presumivelmente justificada pelos avanços da história dos povos europeus, pelas novidades filosóficas, pelos progressos científicos e tecnológicos, pelo crescimento económico e a elevação extraordinária dos níveis de vida das populações. A lista poderia continuar. E continuaria com a inclusão das soluções constitucionais, teóricas e práticas que se foram multiplicando para resolver o problema de uma vez por todas de um modo plenamente satisfatório para as exigências democráticas e liberais.
Mas, a dada altura, fosse por pressão externa ou interna, as várias teses da secularização começaram a esbarrar em inúmeras dificuldades e a conhecer outros tantos impasses. Parecia que as ditas soluções infalíveis e definitivas afinal operavam por uma espécie de fingimento de que a raiz do problema desaparecera (ou que fora remetida para um lugar reservado e para uma condição inofensiva). Parecia que algumas dessas soluções eram mais problemáticas do que inicialmente se pensara – a distinção entre público e privado, por exemplo, ou a noção de “neutralidade” do Estado. Fosse como fosse, com relutância e até com perplexidade compreendeu-se que o problema teria de ser reaberto. Reaberto à discussão e à problematização intelectual plena e sem reservas, entenda-se.
É neste contexto de reabertura do problema que a reflexão de Diogo Madureira deve ser compreendida. No fundo, este livro resulta de uma inquietação sempre presente nos seus trabalhos acerca da validade teórica indiscutível das soluções contemporâneas provindas das escolas “pluralistas” para o problema em mãos. Para o Diogo Madureira tornou-se indispensável partir para esta viagem de redescoberta acompanhado por dois homens que nas últimas décadas levaram particularmente longe e fundo as meditações em torno deste tema: Jacques Maritain e Joseph Ratzinger, entretanto Bento XVI.
No centro desta política que o Diogo Madureira quer reabilitar e revigorar está a pessoa humana, na sua incomensurável dignidade conferida pelo Criador, que a criou à sua imagem e semelhança. É a pessoa humana não-amputada pelos humanismos laicistas e que, portanto, apela pela sua simples existência ao seu próprio desenvolvimento integral. Essa pessoa não vive num vácuo social ou cultural, e a influência das doutrinas e teorias que pretendem explicar e discernir as coisas do mundo aos homens condicionam o desenvolvimento da pessoa. Para ir buscar uma das doutrinas que mais atenção consome ao nosso Diogo Madureira – o relativismo -, ela pode exercer uma espécie de “ditadura” (Ratzinger) sobre o pensamento e sobre as próprias possibilidades humanas. Como as outras ditaduras, quem lhe está sujeito não tem de ser um exemplo de docilidade. Pelo contrário, a rebelião pode ser simplesmente a extensão natural da sua própria dignidade humana.
A meditação em torno da política da pessoa humana rapidamente envolve uma reflexão sobre as condições civilizacionais que mais bem promovem o seu desenvolvimento integral, ou pelo menos sobre as condições civilizacionais que o inibem. No fundo, foi sempre esse exercício que motivou o Diogo Madureira nos seus estudos. Foi sempre esse o propósito dos seus trabalhos.
No atribulado início de 2011, as convulsões sociais no mundo árabe, que davam origem à queda do governo tunisino e egípcio e se construíram sobre a expectativa de uma transformação política favorável à melhoria das condições de vida e de participação cívica daqueles povos, conferiram uma nova actualidade à reflexão filosófica sobre a relação entre a política e a religião.
Conhecendo-se a influência que o islão exerce sobre essas sociedades e na perspectiva de que possa assumir maior protagonismo num futuro próximo dentro de uma nova configuração político-partidária, pressente-se na opinião pública do Ocidente e, particularmente, da Europa uma inquietude indisfarçável. Isto porque, apesar de todos os desafios geopolíticos e geoestratégicos que as mudanças de regime no mundo árabe representam também para os EUA, aparentemente a conexão entre política e religião afigura-se como algo mais difícil de compreender para o discurso político europeu do que para o americano. A título de exemplo, se o laicismo americano actual, formatado desde a sua origem pela religião, convive bem com o enunciado do frontispício da Declaração de Independência onde se lê Temos estas verdades como auto-evidentes; que todos os homens são criados iguais, dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis e que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade, já o laicismo actual da Europa parece revestir frequentemente o carácter típico do racionalismo jacobino dos primeiros tempos da Revolução Francesa quando omite a referência ao cristianismo e a Deus no preâmbulo da nova Constituição da União Europeia.
Num exercício voluntário de obliteração histórica onde, suspeitamos, se mistura o medo dos fanatismos religiosos, ignorância e o complexo dos fanatismos seculares, despreza-se a inspiração cristã que os pais fundadores do projecto europeu ainda reconheciam como estruturante. (…)
Nasceu em Chaves a 31 de Dezembro de 1983. Licenciou-se em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa em 2007. Entre Setembro de 2006 e Outubro de 2008, foi assessor estagiário dos conselheiros político e económico, na Embaixada de Portugal em Washington. Foi investigador júnior na Faculdade de Ciência Política da Universidade de Parma, fixando-se depois em Madrid onde concluiu uma pós-graduação conjunta (Master oficial), em jornalismo, da Universidade San Pablo Ceu e do jornal El Mundo. Durante este período, foi também colaborador da revista La Aventura de la Historia. Em Outubro de 2008, iniciou os estudos de mestrado em Ciência Política no Instituto de Estudos Políticos, da Universidade Católica Portuguesa. Concluiu o mestrado em Fevereiro de 2011 e, em Junho desse ano, obteve o grau de mestre após defesa da tese. Durante estes anos, participou como orador em conferências nacionais e internacionais e publicou alguns artigos. Em 2013, trabalhou no Governo de Portugal, a convite do Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional. Entre Setembro de 2013 e Março de 2014, colaborou como analista político no Departamento de Assuntos Políticos da ONU, em Nova Iorque.
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