Covid-19: Preparemo-nos para esta aprendizagem
COVID-19: como responde a Cáritas?
Conversamos com Duarte Caldeira, que é desde o final do ano passado Coordenador Plano Institucional de Resposta a Emergências e Catástrofes da Cáritas Portuguesa. O atual presidente do Conselho Diretivo do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC), fala do impacto do COVID-19 na vida dos portugueses, do papel da Cáritas e de como nada ficará igual em Portugal e no mundo…
O que significa a expressão “estado de epidemia”?
Com o COVID-19, estamos a lidar com uma situação tipificada naturalmente como de epidémica e há dois conselhos a ser adotados pelas autoridades, gestores, decisores e cidadãos: precaução e a proporcionalidade.
Precaução na medida em que devem ser tomados os procedimentos adequados a cada situação de modo a prevenir os riscos associados ao surto epidémico que à escala global está a ser tratado como epidemia. Todas as medidas de autoprevenção, que têm sido divulgadas, são fundamentais e não devem ser adotados apenas em situação de crise, mas diria como um procedimento normal de cidadania e respeito pelos outros. Na medida em que temos comportamentos preventivos estamos a cooperar para a proteção dos demais.
Falando em proporcionalidade falamos de decisões ao nível de gestão, seja ela no país, nas organizações, através do acompanhamento próximo e permanente e adotando as atitudes e decisões que as autoridades em cada local aconselham e daí os Planos de Contingência. São instrumentos de orientação para os procedimentos a ter em situações de risco. Servem para orientar, ao nível interno, os procedimentos, a organização e unidade de comando.
Qual o papel da Cáritas num momento como que se vive?
A Cáritas, na sua relação particular de proximidade com a comunidade e as pessoas, o seu papel, deve ser de pedagogia ao nível da precaução e da proporcionalidade!
Nem subestimação da importância daquilo de que estamos a lidar, mas nada de alarmismos…
A pior forma de tornar eficaz as medidas que se pretendem pôr em prática é causando o sentimento de alarme. As pessoas perdem o discernimento e a racionalidade. Todas as medidas tomadas até agora quer no seio da Cáritas, quer através da Conferência Episcopal Portuguesa, revelam um movimento de consciencialização que manifesta a importância das estruturas da Igrejas na contenção de um problema a cujos contornos que ainda não são totalmente conhecidos.
Todas estas atitudes de comportamentos, servem e são um elevado contributo para a comunidade.
A Cáritas tem uma missão no Plano Nacional de Emergência. A Cáritas é por dever próprio uma instituição com acento como entidade de apoio. Estamos neste momento a trabalhar no sentido de clarificar a intervenção da Cáritas, mas, claramente a Cáritas tem a missão de apoiar e salvaguarda do equilíbrio das populações. A sua missão é de retaguarda, desejavelmente nos vários escalões em que o sistema responde.
As pessoas mais vulneráveis e sem recursos estão mais vulneráveis?
É indiscutível que nestas situações as populações mais vulneráveis são as que estão mais sensíveis. É para elas que se deve dirigir o primeiro cuidado do contacto em proximidade… é para elas que se deve voltar a nossa atenção. Por um lado, porque poder ter mais dificuldade de adotar e assumir determinados comportamentos pela falta de recursos, por outro pela devemos salvaguardar a sua segurança. Deve evitar-se que as pessoas de maior vulnerabilidade possam também elas contribuir para difundir contágio ou serem alvo mais vulnerável.
Qual a importância do papel de cada um?
Cabe a cada pessoa um papel fundamental. Não serve de nada ou servirá de muito pouco que sejam instituídas regas se nós não as interiorizarmos. Elas não vão ter efeito… o comportamento coletivo é muito mais do que a soma de todos os comportamentos, mas bastará um comportamento individual para prejudicar os comportamentos coletivos.
O que mudará em nós enquanto país e sociedade depois desta vivência?
É minha firme convicção que se vai operar uma transformação ao nível da comunidade e particularmente com o momento que vivemos à escala global, com múltiplas fontes de informação, umas virtuosas outras não, vai alterar-se, necessariamente, a nossa vida.
Há sua coisas que temos sempre presentes:
O alfobre de valores em que alicerçamos a nossa vida não pode ser posto em causa, assim, como o valor inestimável que é exercido pela dimensão espiritual das pessoas… mas necessariamente à medida que estas circunstâncias vão ocorrendo e que todo o conhecimento cientifico nos diz que vamos ser sujeitos coletivamente de forma crescente a eventos que nos vão por à prova, a capacidade de resiliência, desde que os valores estejam cimentados não serão alterados ainda que tenham formas de se expressar diferentes.
Preparemo-nos para esta aprendizagem que o COVID-19 nos está a convidar a fazer e ela vai ter continuidade noutras circunstâncias, que vão alterar a nossa vida!
Preparemo-nos para esta aprendizagem que o COVID-19 nos está a convidar a fazer e ela vai ter continuidade noutras circunstâncias, que vão alterar a nossa vida!