COVID-19 | Resposta da Cáritas ao Apelo Global da ONU
Resposta da Cáritas ao Apelo Global da ONU em relação à COVID-19 A cooperação global é essencial, mas sem descurar a contribuição da sociedade civil e dos líderes religiosos
A ONU lança hoje o seu Plano de Resposta Humanitária Global para lutar contra a COVID- 19, a fim de mobilizar fundos internacionais para apoiar diretamente a saúde pública e indiretamente nas consequências humanitárias imediatas da pandemia.
Fiel à sua missão de servir e proteger os mais vulneráveis, membros da Confederação da Cáritas estão na linha da frente da resposta global em relação à crise sanitária da COVID-19, garantindo serviços de saúde àqueles que mais precisam.
Face a este momento crítico, será essencial uma cooperação multilateral para garantir uma resposta efetiva e robusta à crise da COVID-19, estando as organizações e os líderes religiosos na vanguarda dos esforços para promover essa cooperação em todos os níveis da sociedade. Partindo da comunidade católica, estendeu-se desde os apelos do Papa Francisco para a cooperação, solidariedade e garantia de que a assistência chega aos mais vulneráveis, até ao trabalho desenvolvido por padres e organizações religiosas a nível comunitário, em países afetados.
Por exemplo, a equipa e os voluntários da Cáritas Lodi, uma cidade no norte de Itália – uma das áreas mais afetadas pela pandemia – continuam a apoiar, num contexto exigente, um grupo de refugiados que sobreviveram à travessia do Mediterrâneo para fugir à guerra e perseguição.
Aloysius John, o secretário-geral da Cáritas Internacional, disse: “Neste momento de medo e incertezas, é essencial que os líderes mundiais se juntem com fim a uma cooperação global para uma resposta num espírito de solidariedade, em relação ao coronavírus. A partir do momento em que uma nação é afetada por esta pandemia, ficamos todos em risco. Este tipo de crises de saúde pública pode levar ao aumento da narrativa negativa e à tendência para estigmatizar os sobreviventes da COVID-19, bem como à discriminação de grupos vulneráveis da sociedade, como migrantes e refugiados. Os governos precisam de mostrar liderança, demonstrando como uma abordagem mais humana é também mais eficaz no combate a esta epidemia, assente na ciência e assegurando que o auxílio chega a toda a gente que o necessite, sem discriminação.
A Cáritas saúda a referência no Plano de Resposta Humanitária Global da ONU, no que concerne ao “trabalho constante no envolvimento comunitário no terreno”, através de agentes e líderes religiosos. Inúmeras organizações nacionais membros da Cáritas trabalham em parceria com o seu governo nacional ou local e com agências da ONU respeitantes à saúde ou outros desafios humanitários.
No entanto, temos receio que os desafios atuais no sistema da ONU resultem em atrasos e obstáculos na chegada dos fundos do Plano de Resposta Humanitária Global à linha da frente de combate, onde operam organizações religiosas e da sociedade civil local.
Suzanna Tkalec, Diretora de Operações da Cáritas Internacional disse: “Os governos doadores e as agências da ONU precisam de reconhecer o papel desempenhado por organizações da sociedade civil, incluindo grupos religiosos, e levá-los em conta na resposta à COVID-19. É absolutamente correto que o seu foco seja numa abordagem do reforço dos sistemas de saúde, em parceria com os governos nacionais. Mas em muitos países em todo o mundo, a sociedade civil desempenha um papel crítico na parceria com o governo. Tomemos o exemplo da República Democrática do Congo, onde as instalações médicas católicas providenciam cerca de quarenta porcento do sistema de saúde presente no país. Os líderes religiosos são também bastante respeitados, particularmente em áreas afetadas por conflitos onde o governo ou os agentes da ONU não conseguem ter a mesma confiança. Na recente crise do Ébola na RDC, isto não foi adequadamente levado em conta na estratégia de resposta, e perderam-se vidas como consequência.”
Para assegurar que os fundos mobilizados através do Apelo Global da ONU chegam às organizações locais e aos grupos religiosos, a Cáritas Internacional apela aos governos doadores e agências da ONU para se envolverem com eles numa abordagem de toda a sociedade em relação à COVID-19. As abordagens no que toca ao financiamento e às parcerias têm que ser adaptadas para uma situação altamente dinâmica, particularmente em contextos onde o governo ou os oficiais das Nações Unidas não tenham acesso a todas as comunidades afetadas, mas onde a sociedade civil local está presente. Quem está exposto aos maiores riscos na resposta à crise são aqueles que se encontram na linha da frente de combate, incluindo os voluntários locais, grupos religiosos, enfermeiros e médicos, além dos que trabalham em estruturas de nível comunitário a auxiliar outros indivíduos e famílias a sobreviver e a lidar com o impacto da crise. As suas prioridades, os seus conhecimentos e a sua segurança devem estar na vanguarda da prossecução do Plano de Resposta Humanitária Global em relação à COVID-19.
Tradução: Sónia Rio