A Cáritas Portuguesa em Moçambique
No dia 14 de março assinalam-se dois anos sobre a passagem do Ciclone Idai, em Moçambique, deixando um rasto de destruição e sofrimento em toda a região central. Segundo dados apurados naquela altura, pelo Instituto Nacional de Calamidades de Moçambique, a 18 de abril, existiam 603 mortes registadas, mas estima-se que terão sido mais de 1 000 as vítimas mortais do Ciclone Idai e, mais tarde, do Ciclone Kenneth, que afetou de forma mais acentuada a província de Cabo Delgado.
Estamos a falar de regiões de Moçambique que repetidamente são afetadas por cheias e que nestes dois anos tiveram de parar e recomeçar vezes sem conta. A Cáritas estava já no terreno e continua presente ao lado destas populações. A passagem dos dois ciclones foi um marco e para além das vítimas humanas, causou interrupções no fornecimento de energia, nas comunicações em grande escala e cortou as redes rodoviárias. Obrigou a deslocações internas e externas e não deixou nada igual.
Estima-se que a taxa nacional de pobreza, nas áreas afetadas, tenha subido até aos 79%.
O que está a rede internacional Cáritas a fazer?
Na rede internacional Cáritas existem três mecanismos de apoio para resposta a emergências: apelo de resposta rápida (rapid response appeal), apelo de emergência (emergency appeal) e um apelo de crise prolongado (protracted crisis appeal). Estes apelos são enviados para toda a rede Cáritas pelo secretariado geral da Caritas Internationalis, a pedido da Cáritas nacional do país diretamente afetado. Desta forma todas as congéneres são informadas da situação vivida e podem expressar a sua solidariedade por meio de um apoio financeiro. A Cáritas Moçambicana ativou, na fase de emergência, os primeiros dois níveis: apelo de resposta rápida (rapid response appeal) e apelo de emergência (emergency appeal). Com um orçamento de 1,9 mil euros, a Cáritas, nas Dioceses da Beira (Sofala), Chimoio (Manica) e Quelimane (Zambezia), apoiou 27 500 pessoas, na primeira fase de resposta de emergência.
O que é que a Cáritas Portuguesa está a fazer?
A Cáritas Portuguesa respondeu ao Apelo de Emergência lançado pela Cáritas Moçambicana. Logo nos primeiros dias com um donativo de 25 mil euros, do seu Fundo de Emergências Internacionais, que foi aplicado na distribuição de alimentos e água. Esta resposta da Cáritas Portuguesa inclui o apoio às vítimas das cheias e do Ciclone, não esquecendo, assim, que a situação desta população era já de fragilidade e que a Cáritas estava já no terreno para lhe prestar apoio.
Atendendo à ação desenvolvida através da campanha “Cáritas Ajuda Moçambique” a participação da Cáritas Portuguesa neste projeto global será de 450 mil euros, num apoio que se estima que chegue a mais de 5 mil famílias, em três linhas de atuação: agricultura e meios de subsistência; água e saneamento; habitação.
Em que fase está o processo de reconstrução?
Dois anos passados sobre o ciclone Idai, as províncias afetadas de Sofala, Manica, Zambézia e Cabo Delgado continuam a precisar de apoio. Em coordenação com a Caritas Internationalis, a Cáritas Moçambicana reforçou a fase de reconstrução com um novo apelo de emergência que decorrerá num prazo de 12 meses com um orçamento global de 1.610.494,00 €.
A participação da Cáritas Portuguesa nesta ação será de 50 mil euros, integrada na campanha “Cáritas Ajuda Moçambique” num apoio de construção de habitações resilientes para cerca de 80 pessoas.
Para a Cáritas Moçambicana o apoio dado pela rede internacional Cáritas e, concretamente, pela Cáritas Portuguesa é indispensável para poder dar resposta no terreno às necessidades diárias.
A Cáritas Moçambicana continua a prestar assistência em agricultura e meios de subsistência, água e saneamento e habitação num total de 8.500 famílias, cerca de 42.500 pessoas.
Para além da resposta através dos resultados ca cmapnha “Cáritas Ajuda Moçambique” a Cáritas Portuguesa está também a executar dois outros projetos: um em parceria com as ONG portuguesas Oikos, e ADPM, unidas em parceria com a Cáritas Moçambicana e a Associação Luarte, numa ação financiada pelo Mecanismo de Reconstrução para Moçambique acionado pelo Governo Português através do Camões, I.P.; o segundo projeto está a ser executado em parceria com a Cáritas Espanhola e a Cáritas Diocesana de Pemba, em Cabo Delgado.