Canonização: Paulo VI e Óscar Romero
Óscar Romero e Paulo VI. Duas figuras extremamente influentes na história recente da Igreja Católica e de forma particular para a Cáritas, tornam-se Santos a 14 de outubro de 2018.
A cerimónia das suas canonizações será celebrada pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro durante o Sínodo dos Bispos para a Juventude. Jovens de todo o mundo estarão em Roma para celebrar a santidade do Papa, que inspirou a criação da Caritas Internationalis e da Cáritas Italiana, por outro lado, Romero, o bispo dos pobres e co-patrono da Cáritas.
Paulo VI: A Grande Luz
Pois a paz não é simplesmente a ausência de guerra, baseada em um precário equilíbrio de poder; ela é moldada por esforços dirigidos dia após dia para o estabelecimento do universo ordenado desejado por Deus, com uma forma mais perfeita de justiça entre os homens”. Papa Paulo VI
Peregrinos de todos os continentes reuniram-se em Roma em 1950, declarado Ano Santo pelo Papa Pio XII. O ano foi marcado por cinco grandes exposições que demonstraram aos visitantes de todo o mundo o trabalho da Igreja. Um deles foi sobre as atividades das organizações da Cáritas para ajudar as pessoas que foram apanhadas em conflito. A exposição da Cáritas foi aberta por Mons. Giovanni Battista Montini, Secretário de Estado Substituto.
Isto aconteceu antes da confederação da Cáritas ter sido formada. O Vaticano há muito desejava ver uma cooperação internacional mais estreita entre tantas instituições de caridade católicas. Em 1951, uma reunião das principais associações da Cáritas foi iniciada novamente por Mons. Montini. No início da convenção, Montini propôs a criação de um “organismo internacional” para coordenar a cooperação entre as diferentes formas de atuação da Cáritas. A sua intervenção foi a base para um novo conjunto de estatutos da nova organização que se tornaria a “Caritas Internationalis“.
Mons. Montini viria a ser o Papa Paulo VI, autor dos ensinamentos da Igreja Populorum Progressio e Evangelii Nuntiandi e nosso fundador. “Para nós, Paulo VI foi a grande luz”, disse o Papa Francisco.
Óscar Romero: Santo das Américas
Deixe meu sangue ser uma semente de liberdade.” Óscar Romero
Óscar Romero foi arcebispo de São Salvador desde 1977 até ser assassinado em 1980. Durante este período foi-se tornou cada vez mais frontal na denuncia das violações dos direitos humanos em – particularmente depois do assassinato de seu grande amigo padre Rutilio Grande em março de 1977.
Durante os seus três anos como arcebispo, Romero repetidamente denunciou a violência e falou em nome das vítimas da guerra civil. Numa época de forte censura à imprensa, as suas transmissões semanais de rádio, apoiadas pelas organizações da Cáritas, eram muitas vezes a única maneira de as pessoas descobrirem a verdade sobre as atrocidades que estavam a acontecer no seu país. Foi com a ajuda da Cáritas que conseguiu reconstruir esta estação quando ela foi alvo de um atentado à bomba.
No dia anterior ao seu assassinato, pediu aos soldados e policiais que não seguissem ordens para matar civis e impedir a repressão. “Os camponeses que vocês matam são os seus próprios irmãos e irmãs”, pregou. “Quando ouvem um homem dizer-vos para você, lembrem-se das palavras de Deus, ‘Não matarás’. Em nome de Deus, e em nome deste povo sofredor, cujos lamentos se elevam para o céu cada dia mais tumultuados, peço, ordeno em nome de Deus: pare a repressão!
O arcebispo Romero foi morto a tiro no dia 24 de março de 1980, aos 62 anos, enquanto celebrava a missa. Na década seguinte, cerca de 70.000 salvadorenhos foram mortos na guerra civil.