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Autor: Diogo Castelbranco de
Paiva Brandão
Editora: Editorial Cáritas
Publicado em: 2013
Preço: € 15,00
O legado de Ozanam para os dias de hoje
Renato Lima de Oliveira
Conferência São Francisco de Assis, Brasília, Brasil
Vice-presidente Territorial Internacional do Conselho Geral Internacional para a América do Sul
Quando recebi o convite do Conselho Nacional de Portugal para escrever o prefácio desta publicação, que reúne uma selecção das mais destacadas Cartas de Ozanam, recobri-me de uma satisfação indescritível. Foi estudando as Cartasque eu tive o meu primeiro contacto com o pensamento deste extraordinário e santo homem chamado António Frederico Ozanam, modelo de jovem, adulto, pai, profissional, marido, cidadão e fiel.
Nas Cartas, Ozanam pôde comunicar-se com liberdade e desenvoltura, dirigindo-se com simplicidade aos seus amigos, conhecidos, parentes, religiosos e académicos. Até nas missivas de cunho profissional, encontramos o “tempero” das virtudes tão caras a Ozanam, sempre com elegância nas palavras, caridade no aconselhamento e esperança na mudança das estruturas sociais.
As suas Cartas são estimulantes, reconfortantes, pedagógicas e, acima de tudo, verdadeiras orações. As frases que recorrentemente citamos, hoje em dia, mais expressivas de Ozanam, foram colhidas justamente das correspondências que ele escreveu! Que riqueza, que legado, que presente!
Não podemos deixar de reconhecer o grande esforço literário que a família de Ozanam empreendeu para poder recolher as Cartas dele, consolidando-as em livros. Sem essa investigação histórica, talvez hoje não pudéssemos saborear esse lindo conteúdo. Também não podia ser diferente: os ascendentes de Ozanam eram cultos e literatos, assim como seus descendentes. Considero que o Espírito Santo soprou forte sobre esta família, brindando-a com as características de perpetuação da memória e da transmissão do conhecimento. A humanidade agradece!
As Cartas que Ozanam escreveu ao longo do século XIX são pérolas para a nossa realidade. É como se ele tivesse deixado “sinais” para as gerações futuras sobre a maneira evangélica e caritativa de superar as dificuldades e ajudar aqueles que estão em situação de vulnerabilidade e de exclusão social. Ozanam, visionário e vanguardista, deixa para a posteridade as suas Cartas e recomenda-nos práticas adequadas para o mundo de hoje, tão maltratado pelo egoísmo, pela ganância, pelo poder e pelos holofotes da fama passageira.
Felicito o Conselho Nacional de Portugal pela bela iniciativa de editar as Cartas de Ozanam, nomeadamente em 2013, ano em que o principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo celebra 200 anos de nascimento e 160 anos de falecimento, assim como a instituição festeja 180 anos de existência. São datas memoráveis que não podem passar em branco.
Por fim, gosto sempre de encerrar os meus textos com uma pergunta, para que nós, vicentinos do século XXI, possamos também reflectir sobre a postura que adoptamos, na condição de imitadores de Ozanam. Utilizamo-nos dos meios de comunicação, pessoais e colectivos, analógicos ou digitais, para disseminar a cultura da caridade? Usamos as redes sociais e os media para propagar a Boa Nova e libertar os oprimidos? Limitamo-nos a criticar o sistema e não fazemos nada de concreto para alterá-lo?
Se Ozanam estivesse fisicamente entre nós, hoje, o que ele faria? Quantos e-mails (que são as “cartas virtuais” dos tempos presentes) não teria ele enviado aos quatro cantos do mundo para defender e proteger os mais carenciados?
Diogo Castelbranco de Paiva Brandão nasceu na freguesia de S. João da Foz do Douro, da cidade do Porto, em 8 de Junho de 1919. A sua iniciação vicentina deu-se em Coimbra, em 1936, na Conferência da Faculdade de Direito, que funcionava, tal como as outras Conferências académicas, no ambiente propicio do CADC (Centro Académico da Democracia Cristã). Concluído o curso de Direito, prestado um período alargado de serviço militar e estabilizada em Lisboa a sua vida pessoal, familiar e profissional, ingressou na Conferência de Nossa Senhora da Lapa, a que mais tarde haveria de presidir. Entretanto, cerca de 1963, foi chamado a prestar serviço no Conselho Nacional da Sociedade de S. Vicente de Paulo, então presidido pelo Dr. Leão Ramos Ascensão, cabendo-lhe colaborar com o secretariado das reuniões. A partir daí, veio a exercer, sucessiva e/ou simultaneamente, as funções de vice-presidente do Conselho Nacional, Director do Boletim vicentino, Director do Gabinete de Estudos, além de tomar a seu cargo numerosas tarefas avulsas. Durante a maior parte desse período, foi Presidente da Sociedade a consócia D. Maria Angélica Corte-Real. Igualmente marcou sempre presença o confrade Fernando Reis. Em 1991, tendo passado a residir fora de Lisboa, e com a idade a fazer sentir os seus primeiros sinais, deixou de prestar à Sociedade de S. Vicente de Paulo a colaboração activa a que anteriormente se dedicara. O que não excluiu alguns contributos esporádicos. As linhas principais do seu pensamento e da sua acção no campo vicentino encontram-se no livro “Algumas Cartas de Ozanam Selecionadas e Comentadas – outros escritos vicentinos”, cuja edição ofereceu à Sociedade de S. Vicente de Paulo, sob reserva pessoal de uma parte minoritária. Na vida civil, exerceu funções de responsabilidade no âmbito da Administração Pública portuguesa, entre 1945 e 1975.
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