Cabo Delgado: Cáritas reforça resposta de apoio à população
Cabo Delgado foi uma das regiões que mais sofreu os efeitos do ciclone Keneth, em abril de 2019, tendo destruído casas e plantações, afetando 254.570 pessoas. As chuvas do final de 2019 e início de 2020 inundaram as lavouras e mais da metade da produção foi perdida.
Atualmente Cabo Delgado continua a ser uma região fustigada desta vez por uma situação de conflito armado provocada por ataques terroristas que já atingiram 9 dos 16 distritos da província causando o deslocamento contínuo de milhares de famílias.
A somar a tudo isto está a COVID-19 que tem dificultado o trabalho de ajuda humanitária, que há meses representa 80% do trabalho da Diocese de Cabo Delgado.
A Cáritas continua a trabalhar localmente no apoio a 970 famílias que, depois de estarem nos campos de refugiados criados nas áreas seguras da província, receberam do governo local um pedaço de terra para fazerem as suas casas e poderem cultivar a terra. Esta é a única ajuda que tiveram para começar uma nova vida depois de meses de medo, cansaço e desesperança.”
Para poder dar continuidade e levar o seu apoio a mais famílias, a Cáritas Portuguesa, juntamente com a Cáritas Espanhola, inicia um novo ciclo de trabalho em parceria com a Cáritas Diocesana de Pemba. Este apoio passa pela distribuição de alimentos às famílias afetadas pelo conflito no norte de Moçambique nos distritos de Ancuabe, Chiure e Namuno; distribuição de sementes e ferramentas para que os deslocados internos possam retomar o plantio de alimentos; distribuição de materiais de costura e carpintaria para famílias que já exerciam este ofício nos bairros de origem. Estaremos também a promover apoio psicossocial às vítimas dos conflitos armados. Numa resposta direta à COVID-19 será feita a instalação de sistemas de lavagem das mãos e uma campanha de sensibilização e divulgação de meios de proteção e prevenção da COVID-19.
Desde março de 2018 que a Cáritas Portuguesa está a acompanhar as famílias vítimas dos Ciclones Idai e Keneth. O ciclone Idai atingiu, de forma severa, a região central de Moçambique. Segundo dados do Instituto Nacional de Calamidades de Moçambique, a 18 de abril, existiam 603 mortes registadas, mas estima-se que terão sido mais de 1 000 as vítimas mortais do Ciclone Idaí e, mais tarde, do Ciclone Kenneth.
As Regiões Central e Norte de Moçambique estavam já em emergência desde 5 de março de 2019, devido às cheias e a Cáritas estava já no terreno em resposta as estas populações. A passagem dos dois ciclones veio agravar esta situação e para além das vítimas humanas, causou interrupções no fornecimento de energia, nas comunicações em grande escala e cortou as redes rodoviárias.
A Cáritas Moçambicana, através da rede internacional, lançou um alerta a todas as congéneres solicitando ajuda para intervir de forma rápida junto da população. Neste contexto, resolveu a Cáritas Portuguesa, realizar uma Campanha – “Cáritas Ajuda Moçambique”. Com esta Campanha a Cáritas Portuguesa apoiou a população afetada pelos Ciclones num total de 540.667,15€, que contribuíram para ajudar mais de 7 mil famílias nas Dioceses de Chimoio, Quelimane e Beira, com produtos de higiene, produtos alimentares, abrigos seguros, ferramentas agrícolas e sementes e reconstrução de habitações.