Dia Mundial Humanitário – Futuro pede Ecologia Humana Integral
No Dia Mundial Humanitário, que se assinala a 19 de agosto, marcado por múltiplas crises, a Caritas Internationalis recorda que o caminho passa pela Ecologia Humana Integral
No Dia Mundial Humanitário, a Caritas Internationalis exorta os decisores políticos a tomarem medidas corajosas para abordar as diferentes questões particularmente relacionadas com as alterações climáticas, o impacto da pandemia e a turbulência política no Afeganistão e no Líbano. Sem uma vontade política determinada, a vida humana está em perigo e uma parte da humanidade está destinada a sofrer e a viver em condições desumanas. A confederação apela aos líderes e decisores políticos para:
– Garantir a segurança da população afegã e o atendimento das necessidades básicas do povo libanês.
– Alocar fundos suficientes para que as comunidades locais se envolvam em atividades desenvolvidas numa base comunitária, tanto agrícolas como não agrícolas, para garantir os seus meios de subsistência e a sua segurança alimentar.
– Dar importância primordial à gestão de desastres nas comunidades locais, especialmente em atividades de redução de risco, para garantir a segurança das pessoas através de sistemas de alerta precoce.
– Incentivar os governos locais a cooperarem com as organizações da sociedade civil locais e a fortalecer os seus mecanismos de resposta com destaque para a ação humanitária para que esta possa lidar com as consequências das alterações climáticas.
– Garantir o acesso aos cuidados básicos de saúde integrais para os mais vulneráveis, incluindo vacinas contra doenças mortais.
– Comprometer-se, de imediato, com um conjunto, económico e industrial, de políticas globais a fim de minimizar o impacto sobre o aquecimento global e a degradação dos ecossistemas.
A Caritas Internationalis, confederação de 162 membros que trabalham com as comunidades de base em 200 países e territórios, é testemunha dos sofrimentos incalculáveis causados por estas crises naturais e provocadas pelo homem. Em em linha com o ensinamento do Papa Francisco, neste Dia Mundial da Humanidade, a Caritas recorda que a única resposta adequada é a Ecologia Humana Integral, colocando o interesse e a dignidade da pessoa humana no centro de todas as atividades e decisões. Sem vontade política determinada por parte dos líderes e decisores políticos, não haverá mudanças e o bem-estar dos mais pobres não pode ser garantido.
A Cáritas considera que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) deve olhar para esta situação como uma prioridade e apresentar soluções tangíveis e adequadas com a alocação de meios apropriados para as realizar.
Em 2021, o Dia Mundial Humanitário, fica marcado por muitas crises, tanto causadas pelo homem como por desastres naturais. Nos últimos dias, testemunhámos a queda do Afeganistão para forças Talibã e o trágico terremoto no Haiti, que até agora fez 1.500 vítimas. Além disso, há o colapso económico e a instabilidade sociopolítica no Líbano, que está a enfrentar o seu pior momento desde a guerra civil, e as muitas crises prolongadas em países como Ucrânia, Venezuela, Síria e Moçambique (Cabo Delgado). A nível global, as alterações climáticas continuam a causar danos graves e irreparáveis, incluindo milhões de migrantes, e a pandemia da COVID-19 paralisou o mundo globalizado social e economicamente.
A Caritas Internationalis relembra que decisões políticas com base em interesses investidos causam sofrimentos incalculáveis aos mais pobres e exorta os decisores políticos a tomarem as medidas corretas e necessárias. O Afeganistão é um exemplo vivo, onde o mundo inteiro está a testemunhar descarada e silenciosamente a situação e o desespero dos afegãos inocentes que foram entregues às mãos de senhores da guerra, não democráticos e implacáveis, após 20 anos de acompanhamento político.
A dignidade das mulheres, os direitos das crianças e o princípio de proteção dos mais vulneráveis nada mais são do que boas intenções de simpatizantes, quando no Afeganistão e em outros lugares em situação de crise, vemos cidadãos indefesos serem ignorados e abandonados à própria sorte.
Da mesma forma, a crise libanesa revela como uma sociedade estável pode ser destruída por líderes políticos corruptos, que acumularam riquezas e reduziram quatro milhões de pessoas ao empobrecimento, mesmo sem alimentos tão básicos como pão.
As catástrofes naturais que atingem as nações mais empobrecidas são também um apelo a mais atenção para proteger, defender e salvar vidas através de uma ação política determinada. O recente terremoto no Haiti, já a viver uma situação de caos político e económico, representa um grande desafio humanitário.