Projeto Kulima: Cáritas Portuguesa visita Angola
No âmbito do projeto Kulima (Kulima Ku Tatuisa Kulia), financiado pelo CICL: Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, que visa a capacitação agrícola em Angola, uma equipa da Cáritas Portuguesa realizou uma visita de avaliação e monitorização às províncias de Lunda-Norte, Lunda-Sul e Moxico, entre os dias 10 e 21 de abril. Este projeto tem como principal objetivo a promoção da segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável nas comunidades locais através da formação em técnicas agrícolas avançadas e sustentáveis.
Os primeiros quatro dias da visita concentraram-se em reuniões com os membros das Cáritas Diocesanas do Dundo e do Saurimo, nas províncias de Lunda-Norte e Lunda-Sul, respetivamente. Esses encontros foram cruciais para realizar um ponto de situação detalhado sobre a implementação do projeto Kulima a nível local. Foi possível identificar os principais sucessos e desafios enfrentados pelos beneficiários.
Durante as reuniões, ficou evidente o impacto transformador do projeto nas comunidades locais, com testemunhos de famílias que conseguiram melhorar significativamente a sua alimentação e gerar rendimentos adicionais através da venda de produtos agrícolas.
A delegação deslocou-se a Luena, na província do Moxico, onde teve início uma semana de formação intensiva promovida pela organização parceira Rosto Solidário. Esta formação foi dividida em duas partes principais. Nos dois primeiros dias, o foco foi em técnicas sustentáveis para a criação de adubos orgânicos e no combate a pestes e doenças, ministradas pelo formador José.
Essa formação foi essencial para capacitar os técnicos das Cáritas das três províncias, fornecendo-lhes conhecimentos práticos e teóricos para melhorar a produtividade agrícola de forma sustentável. A utilização de adubos orgânicos e métodos naturais de combate a pestes não só promove uma agricultura mais ecológica, mas também reduz os custos de produção para os agricultores locais.
Nos três dias seguintes, a formação abordou técnicas de desenho e gestão de projetos. Esta parte da formação foi importante para garantir que os técnicos possam planear e implementar projetos agrícolas de forma eficiente e sustentável. Com estas novas competências, espera-se que o sucesso do projeto Kulima seja replicado noutras comunidades e assegurar a continuidade dos benefícios a longo prazo.
Foi realizada também uma visita à comunidade beneficiária de Luxiha, ainda na província do Moxico. Durante esta visita, a equipa da Cáritas Portuguesa esteve com membros da comunidade local, incluindo mulheres que formaram uma cooperativa agrícola.
Apesar das condições adversas que impediram a visita às lavras, os relatos dos membros da comunidade foram extremamente positivos. As famílias destacaram o sucesso na colheita de produtos como pimento, couve, cebola, cenoura e tomate. Estes produtos não só proporcionaram uma alimentação mais variada e nutritiva, mas também permitiram a comercialização no mercado local. Os rendimentos gerados possibilitaram a compra de materiais escolares, como cadernos e lapiseiras, beneficiando diretamente a educação das crianças.
No entanto, nem tudo foi positivo. As dificuldades partilhadas incluíram o insucesso no cultivo do repolho e a distribuição de botas de trabalho foi insuficiente para todos os beneficiários, destacando a necessidade de mais recursos para atender adequadamente às necessidades da comunidade.
Esta visita de monitorização foi extremamente produtiva, proporcionando uma avaliação detalhada sobre o decorrer do projeto Kulima. Além disso, foram realizadas reuniões com a Direção Geral da Cáritas de Angola para discutir não só o progresso do Kulima, mas também outras iniciativas futuras que possam ser implementadas em conjunto. Estas reuniões são fundamentais para garantir a continuidade e expansão dos projetos de desenvolvimento sustentável em Angola.
O projeto Kulima demonstra como a colaboração internacional e a capacitação local podem transformar comunidades. Com a continuação do apoio da Cáritas Portuguesa e de outras organizações parceiras, espera-se que mais famílias possam beneficiar de melhores condições de vida e maior segurança alimentar no futuro.