CONSELHO GERAL DA CÁRITAS PORTUGUESA
O Conselho Geral da Cáritas Portuguesa reuniu entre os dias 28 e 29 de março de 2025, acolhido pela Diocese de Angra, Açores.
D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, que preside ao Conselho Geral, impossibilitado de estar presente e acompanhar os trabalhos, enviou uma mensagem de abertura na qual deixou um sinal de comunhão com as dioceses que se encontram a acolher o documento final do Sínodo dos Bispos. Num ano tão especial como o Ano Jubilar da Esperança e em tempo quaresmal, D. José Traquina desejou que o “Conselho Geral seja uma oportunidade para crescer em generosidade e empenho na construção do que é justo e do que é paz”.
Recordando as bases daquilo que é a missão da Cáritas, Anabela Borba, presidente da Cárias dos Açores deixou uma imagem daquilo que é o trabalho da Cáritas no Arquipélago, onde se verifica o aumento do número de pessoas em situação de sem abrigo e sem salário digno, de forma particular entre os mais jovens a quem a Cáritas tem procurado acompanhar, não esquecendo ainda os jovens que não trabalham nem estudam. Recorrendo às palavras do Papa Francisco, na mensagem de instituição do Dia Mundial dos Pobres, lembrou a importância do trabalho da Cáritas como instrumento de libertação. A presidente da Cáritas dos Açores sublinhou ainda o papel fundamental daqueles que concretizam todos os dias a Missão da Cáritas, nomeadamente o envolvimento de todos os voluntários e colaboradores.
Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, evidenciou a importância de na sua diversidade a rede Cáritas ter em si a capacidade de levar mais longe o trabalho da proximidade.
A sessão de abertura ficou ainda marcada pela presença do Bispo da Diocese de Angra, D. Armando Domingues, Mónica Seidi, Secretária Regional da Saúde e Segurança Social e Fátima Amorim, Vereadora da Câmara Municipal de Angra
Fátima Amorim destacou o papel da Cáritas na intervenção junto da comunidade, principalmente, a resposta em emergência e recordou a resposta durante a erupção vulcânica na Ilha do Faial e a implementação de dinâmicas que ultrapassam o assistencialismo, na dinamização do trabalho com os mais jovens. A Cáritas dos Açores é uma entidade na qual a população confia e à qual recorre, sublinhou Fátima Amorim. Também Mónica Seidi, do Governo Regional, referiu a Cáritas como um parceiro de excelência na região autónoma dos Açores.
D. Armando Domingues, Bispo da Diocese de Angra, deixou em evidência a disponibilidade da Cáritas para continuar a participar na resolução daquilo que são problemas comuns e desejou que este Conselho Geral possa trazer desafios novos e uma esperança nova lembrando que “o mundo precisa de uma injeção de esperança”.
Os trabalhos seguiram com a partilha a partir das Comunidades de Prática da rede Cáritas. Espaços onde técnicos de diferentes Cáritas Diocesanas se encontram para pôr em comum realidades, partilha de boas práticas e identificar estratégias que possam ser facilitadoras para o trabalho da rede Cáritas em Portugal. Atualmente existem quatro Comunidades de Prática: Migrações, Grupos Paroquiais, Empregabilidade e Seniores.
Poucos dias depois de realizada a Semana Nacional Cáritas este foi também o espaço para a partilha da vivência desta semana em toda a rede nacional. Em todas as dioceses foram desenvolvidas atividades de visibilidade e de promoção da reflexão conjunta sobre a realidade social. No que toca ao peditório nacional Cáritas, ainda sem dados nacionais apurados, destaca-se a dificuldade na mobilização de voluntários e a necessidade de modernização do formato do peditório nacional público.
Também a campanha nacional “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz” foi analisada neste Conselho Geral procurando-se de forma conjunta identificar os pontos de sucesso e as fragilidades desta iniciativa. Foi identificada a necessidade de revisitar e recuperar a mensagem original desta ação: na noite de Natal acenda uma vela pela Paz.
O primeiro dia do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, na Ilha Terceira, terminou com uma conferência por Natalia Peiro, Secretária-Geral da Cáritas Espanhola sobre o tema “Desafios da Ação Social de Proximidade”. Natalia Peiro destacou algumas das dificuldades que se colocam hoje à Cáritas e à Igreja na atuação social, nomeadamente: a redução de apoios e de donativos; uma diminuição no envolvimento das comunidades; uma maior necessidade de especialização e de capacitação; a incorporação de lógicas de mercado nas políticas sociais. Sobre estes desafios destaca-se a necessidade de “potenciar o conceito de comunidade”, ou seja, as comunidades devem entender-se como espaços de atuação coletiva para responder aos desafios sociais e desta forma é necessário que seja dado maior protagonismo ao voluntariado.
Cumprindo as determinações estatutárias foram aprovados os Relatório de Atividades e Contas de 2024.
O Conselho Geral trabalhou ainda, em dinâmica sinodal, o documento “Dilexit nos”, Carta Encíclica do Papa Francisco sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus, a partir dos dois primeiros capítulos: A importância do Coração e Gesto e Palavras de Amor.
O primeiro Conselho Geral de 2026 realizar-se-á na Diocese de Portalegre-Castelo Branco.
O Conselho Geral terminou com a celebração eucarística na Sé de Angra, presidida por D. Armando Domingues.